sábado, 26 de dezembro de 2020

Reflexões natalinas e esperança de um ano bom

Tudo tão sem sentido, o mundo num estado caótico e pandêmico, não consigo mais sentir as pessoas.
Estamos em lados opostos, me sinto na contramão de um caminho sem volta.
Eu me sinto tão só as vezes.
Sinto tão diferente, penso tão diferente.
Sinto que sou um confronto!
O Natal chegou e vi tanta gente estranha passar, eu vi gente usando a máscara da falsidade, eu vi gente pouca interessada no real sentido da data, eu vi gente sozinha na alma, zerada de Deus.
O mais do mesmo sendo jogado na nossa cara, multidões querendo presentear sem nem sentir carinho nisso, eu vi sorrisos e desejos prósperos sem amor e verdade.
Essa data faz os hipócritas gritarem os fantasmas de seus corações.
E mais um ano se foi, e nos trouxe um vírus que pode ser fatal. E nós o que aprendemos com isso?
Não senti muitas mudanças na alma humana.
Pessoas continuam matando uns aos outros, descaracterizando a natureza criada por Deus, vi animais sofrerem e florestas sendo dizimadas por capricho, em troca de dinheiro.
Vi um presidente da república de um país que um dia foi de direito dos tupiniquins, arrancar a máscara de seu caráter e mostrar que veio com um único propósito: destruir completamente o que restou de uma nação, ao longo dos intermináveis anos de corrupção.
Temos motivos para comemorar?
Creio que ainda não, mas agradeça se todos que ama estejam vivos.
Que o Natal tenha realmente o valor que merece e que 2021 venha trazendo um saco de esperança para cada um de nós, ainda temos muitas lutas para lutar.
Que a fé venha de base para nos sustentar em meio ao caos e que ao invés de falarmos sobre o amor, tenhamos mais atitudes coerentes em relação ao que o ato de amar significa.
Vamos tentar entender mais tudo e todos, ler mais livros, recitar poesias, abraçar árvores, molhar os pés no mar, vamos distribuir gentilezas, cuidar dos animais, sair do egocentrismo, enxergar o mundo.
Porque quando a chama de nossa vela apagar, teremos tido algum sentido na vida de alguém.
Feliz Natal e saudável Ano Novo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Entre a fibro e a fibra!


Vou falar sobre como um humano vive com dores crônicas.

Na verdade vou falar sobre como uma síndrome de nome estranho pode afetar tanto uma vida, que em muitos dias acontece um desejo de deixar de sentir, paralisar, ou mesmo morrer.

Para contar melhor essa história, eu vou falar de mim, da minha vida e do que acontece dentro do meu corpo.

Vou tentar explanar a maioria de coisas que eu sinto, digo a maioria, porque muitas das coisas que sinto, não consigo expressar com nenhuma palavra que possa existir no mundo.

Fibros entenderão!

Sofro de uma doença crônica e extenuante chamada fibromialgia, que causa queimação no corpo inteiro, dor aguda em níveis estratosféricos, dores de cabeça em quinta potência, fadiga crônica em proporções cavalares, que somam a falta de ar, náuseas, irritabilidade, sensação de quadril despencando, mãos trêmulas, fraqueza, perda de memória gradativa, denominada fribro fog, sensação de fracasso absoluto, entre outras coisas que jamais conseguirei descrever. 

Sofrimento esse que dura quase um 10 anos, eu acho, porque até meus 35 anos (hoje tenho 42), eu lembro de mim, como alguém absolutamente normal, cheia de vitalidade e prazer pela vida.

Eu trabalhava, cuidava do meu filho, eu fiz faculdade, aprendi a dirigir, fazia curso de inglês, visitava museus, parques, ia ao cinema. namorava, saia para dançar, viajava, cozinhava, fazia caminhadas homéricas, enfim, eu vivia como qualquer mulher comum.

Mas depois de duas cirurgias em cada pé e um relacionamento que me desgastava emocionalmente, eu simplesmente comecei a doer, e tudo era tão intenso que eu chorava.

Eu doía em partes e seguidamente doía inteira, e depois a alma começou a doer também.

E eram dores tão fortes que eu comecei a pesquisar e fui parar nas mãos de um ortopedista que me disse para procurar um reumatologista, porque o que eu tinha era fibromialgia.

E essa doença é cruel demais. Ela não dá trégua. Vivo uma vida que dói.

Fui passando por vários especialistas, fiz muitos exames e tive um diagnóstico de outra doença incapacitante, de nome mais estranho que a primeira, a espondilite anquilosante.

Já ouviu falar?

Uma doença tão incapacitante feito a fibromialgia, mas com efeitos mais devastadores, como total falta de mobilidade com o passar dos anos.

Eu fiquei apavorada, mas tão apavorada que chorei por um dia e uma noite.

Minha família ficou desesperada, rompi meu relacionamento de longos anos, eu perdi o rumo completamente. Eu surtei.

Morri por alguns dias e ressuscitei internamente.

Foi pancada viver tudo isso, e é até hoje.

Depois tive outras opiniões médicas, que concordaram e discordaram da EA, e ainda hoje esse diagnóstico não foi fechado.

O quadril e a coluna já são bem afetados pela artrose e agora sinto as mãos também.

Enfim, sou um poço de dores.

Não pense que minha vida é um vale de lágrimas e estou aqui apenas me queixando, o que pretendo com esse textão é te dizer que apesar de uma sentença de dor eterna eu estou buscando algum equilíbrio.

Tem quase 20 dias que não como carnes, e isso é um sonho antigo, não sou vegana, ainda, mas pelo menos quero dar um basta nessa proteína animal que não me traz sensação de paz alguma.

Eu penso nas mortes dos animais e na indústria que desmata e mata para manter seu lucro em dia, enquanto a natureza segue arruinando.

Ainda tenho muito a fazer para ser uma humana mais humanizada e andar equilibrando minhas dores físicas, mentais e também espirituais, dentro desse corpo bastante cansado de tentar.

Mas pretendo ainda continuar tentando e buscando essa pseudo paz.

Eu preciso resistir.

Nós precisamos resistir, mesmo absurdamente cansados de lutar.

Minha vida tem sido um sequencial de lutas e é tão difícil explicar toda essa questão, e sinto tanto que falar sobre isso incômoda bastante as pessoas, quem quer falar sobre dores que não são suas?

Quando as suas dores são invisíveis aos olhos dos outros e a sua aparência mente sobre o que seu corpo diz, você vai sentindo que vive em um mundo completamente solitário.

Dizer sempre que não pode, que precisa se recuperar da faxina do dia anterior, que precisa descansar do jantar passado, que não consegue levantar porque seu corpo queima de dor, ou que não consegue manter a sua vida social ativa, simplesmente porque você dorme e acorda com um cansaço insuportável e que talvez não possa realizar tarefas básicas como levantar os braços e esfregar sua cabeça embaixo do chuveiro, é muito vergonhoso.

Doenças incapacitantes nos tiram o viço.

Então imagina, continuar remando contra a maré... Tem dias que são impossíveis de se exercitar.

Faz diferença a sua compreensão, o seu olhar sobre quem queima por dentro com uma doença como essa.

Acredite, a sua compreensão, é um bálsamo.

O seu olhar de ternura e o seu carinho, podem vir aliados a uma vontade de continuar nadando, nem que seja apenas para se manter respirando.

Hoje, estou em pé, aqui, direto do meu notebook, querendo expressar na forma de um grito textual, que ainda quero viver, ainda tenho sonhos tão bonitos.

Todos somos humanos e temos dores, mas acredite, viver nessa luta constante e essa busca pelo equilíbrio é o maior objetivo que tenho para seguir com a minha vida.

Por favor, se estiver cheio de tormentos, físicos, mentais e espirituais, ou algum deles, apenas não desista.

Você é importante, principalmente para si mesmo.

Agradeço por me ler até aqui.







domingo, 30 de agosto de 2020

texto não escrito



Eis um texto sem nome e nem sobrenome, escrito com algumas palavras soltas dentro dessa mente flutuante, que hoje só quer o silêncio.
Entrei aqui dentro e preciso permanecer.
Hoje estou tão cansada e perdida.
Talvez eu tivesse que me esvaziar para depois conseguir lentamente e adequadamente preencher os espaços vazios.
Tudo abarrotado, tudo triste.
Estou cansando de tantos obstáculos que nem precisariam ter ocorrido, se houvesse uma certa determinação que não vejo nunca.
Preciso dormir e não acordar tão cedo, porque tenho um sono que se esvai pelos olhos cansados de abrir e fechar.
Cada parte do meu corpo procura um subterfúgio, um colo, um repouso.
terei que forçar isso, vou precisar forçar mesmo, com tudo aquilo que chamo de força debilitante.
Estou debilitada, física e emocionalmente.
Não posso mais ter a vida de outrora.
Apenas livros, filmes e música.
Companhias que não te cobram, apenas permanecem ali, para quando você puder ofertar o teu melhor..
E eu quero agora, eu preciso nesse instante.
Estou tão cansada.
O ar sai devagar, feito uma fumacinha tímida.
Meus dedos pararam com os manuscritos e voltaram para o teclado, para poder expulsar, tirar de dentro, isso tudo aqui que tem doído.
Nem sem sempre sou assim mesmo, mas hoje estou.
Talvez amanhã também, a cabeça gira, mas não pára.
E eu só quero reunir minhas coisas e parar, por algum momento parar de pensar em um mundo desgovernado.
Só quero ficar aqui, paradinha e estática, que é como me sinto mais confortável, agora.
Boa noite de sol e céu azul, vou dormir e não acordar tão cedo.
Estou me permitindo, apenas me priorizando, também preciso muito de mim.
Até breve!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Troca


Cansada, pra caramba de tão cansada.

Precisei ficar quieta, depois de pensar muito no quão difícil é dividir a sua história com outra pessoa.

Ele foi ali no mar, dropar uma onda e eu abri a janela pra ver o céu, sem ter que dar mais nenhum passo.

Ele é gente boa demais pra mim, tem um olhar puro, sempre enxerga o lado bonito do mundo.

Eu não! Sou dura, vejo o fato!

Somos um casal normal, até parecidos, porque gostados de mar, de ver o céu azul e temos uma estrela em comum.

Somos mãos dadas numa rave.

A gente se grudou, mas não pense que é fácil, é preciso ter amor.

Ter um tanto de amor que não cabe no peito, mas se encaixa no abraço.

A gente é luta.

Casar é saber que o sapato do outro pode te causar calos e mesmo assim você saber que é preciso andar com eles, para saber como é, para ter um coração capaz de respeitar, entender e abraçar.

Casamento é para os fortes, uns tantos trocam a parceria para ver se engrena, eu prefiro empunhar a espada da doçura e cortar as ervas daninhas do caminho.

A gente cria a história, a gente recria os percalços.

Amor é isso, um mar ondulado de emoções.

Deixa eu dizer que nada tem sido fácil, mas eu quero continuar exatamente aqui, perto de você, lutando com você, trocando esse tantão de amor que a gente troca, e que é de qualidade.

As vezes a gente tenta transformar um ao outro, mas que graça teria se fossemos outras pessoas?

O melhor é te ver como te vejo, te aceitar, como me aceita.

Sou mulher atravessada, do avesso, mas sou tão de verdade que você quer assim mesmo.

E eu também quero, com sua falta de palavras, esse seu silêncio que ensurdece, mas que sei que é de verdade.

Me queira também, com essa loucura insana, essa falta de paz, esse grito no mundo.

Vamos manter nossas mãos dadas nessa rave que deram o nome de vida.

Te dou um céu azul e um mar que reflete esse azul.

Você me dá o seu sorriso.

E eu ganho a minha paz.

Juntos até depois que todos os cabelos estiverem brancos e além disso também, só temos a eternidade pela frente.

Volta logo do mar, já estou com saudade do seu cheiro de sal.

Amando partilhar a minha vida com você.