quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Não sou triste!


Ainda pretendo escrever mais livros, porque escrevendo eu me expresso melhor e revelo muitas de minhas limitações como um ser inacabado e falho que sou.
Um bom título seria: "Como aprendi a nadar contra a maré sorrindo."
Seria uma espécie de desabafo sobre tudo o que venho passando nos últimos anos da minha vidinha simples e complexa algumas vezes.
Na verdade ando bem cansada de sorrir enquanto nado sabe?!
Mas como me acho mais harmoniosa sorrindo, eu continuo expondo os dentes, só para de repente exercitar meus músculos faciais.
Okay! Chega de preambular.
Vou direto ao ponto, e serei o mais sincera possível, como sempre tento ser.
Ando cansada de sorrisos, de palestrar sobre como é possível viver bem mesmo sentindo dores excruciantes todos os dias.
Estou cansada de tentar explicar o inexplicável, quando na verdade só me bastava viver os dramas comuns que todas as mulheres vivem na meia idade (odeio essa expressão tosca).
Quero uma vidinha banal mesmo, dessas simples, mas inquestionáveis. Entende?
É um grande saco, viver fora da curva da normalidade esperada pelas pessoas que te cercam.
É uma grande merda, ser quem se é vez ou outra.
Estou com dores intermináveis há uns 10 dias e só queria um time para prosseguir com minha vidinha.
Só queria acordar todas as manhãs, ir à academia, depois escrever meus artigos chatos, me concentrar em um curso de escrita criativa e concluir o dia, lendo meus livros, ou vendo um dos filmes toscos europeus que só eu assisto.
Eu quero ser comum, sem que ser comum estrague minha saúde.
E sendo comum, fazendo atividades de uma pessoa comum, eu possa sentir um cansaço comum e me refazer depois de dormir.
Quero não ter que sentir dores e mais dores, pelo simples fato de levantar da cama.
Que tenso viver assim!
Não tenho a intenção de animar ninguém, estou sendo honesta e eu sei que pagamos um preço alto por sermos honestos e falarmos sobre nossos infernos pessoais.
Está certo! Ninguém aqui e em lugar nenhum, tem absolutamente nada a ver com isso, mas o que de fato quero te mostrar, é que é normal quando as coisas não estão bem com você, e está tudo bem também.
Porque vivemos em uma hipocrisia fora do contexto, quando queremos a qualquer custo mostrar felicidade quando não estamos felizes, parece pecado estar triste de vez em quando.
Não estou falando de depressão, falo de momentos infelizes, de querer se isolar, ficar em silêncio, de se permitir isso.
Estou pecando hoje então, mas eu sei que essa minha mania de remar contra a maré e ainda continuar sorrindo ainda vai continuar lá amanhã, então vou levantar-me com a maior disposição para lutar bravamente e sorrirei como se nunca tivesse chorado.
Mas isso só amanhã, porque hoje eu tenho o direito ao choro, então chorarei, como um bebê de colo que quer o peito da mãe.
Chorar é tão legítimo quanto sorrir.
Limpa a alma, nos reformula, nos amplia, nos amadurece e deixa nossas bochechas rosadas e bonitas.
Vou ouvir minha música de sorrir e chorar e depois volto plena, como se nunca, nunca mesmo, eu tivesse chorado tanto na vida.
Permita-se!


"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada."
Clarice Lispector



Nenhum comentário:

Postar um comentário

diga aí o que achou...