quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Em frente (enfrente)!

No Spotify toca Death with Dignity, que por sinal é a minha música da vida, do meu cantor preferido, da vida também.
E eu começando um trabalho sobre história da arte, quando poderia perfeitamente escrever com mais precisão sobre a minha própria história, a que vivo e que tem tentado me tirar a sanidade desde 2015.
Sabe quando você tenta tanto uma coisa e de tanto insistir você acaba se adaptando ao que já tem?
Vivo na contramão de uma vida baseada 90 % em dias de dor ou nocauteada por uma fadiga crônica excruciante.
Mas se pensam que estou reclamando, estão enganados, porque apesar disso e de mais um pouco, eu vivo.
E vivo não apenas com o intuito de sobreviver, vivo porque aprecio a vida, porque nela existem pessoas legais, bichinhos, mar, árvores, flores, música, filmes europeus e livros.
Vivo por que existe na minha vida uma estante de pessoas prediletas, que lutam comigo e que sobretudo, lutam pelo meu sorriso, ou por minha gargalhada nonsense.
Nem vou dizer que por todo o tempo eu tenho essa visão bonita da vida, faz três dias que tenho vontade de dormir e só acordar quando conseguir andar como uma mulher no auge dos seus 40 anos e não como uma senhorinha de 85 com a coluna ruim.
Não é sempre tão tranquilo viver...
Mas apesar de (e sempre o apesar de) a minha trajetória se faz de momentos de dor, físicas em grande escala, por vezes a alma também dói, mas as flores brotam mesmo, é dos espinhos que nascem desses momentos difíceis.
Porque eu gosto mesmo é de jardins, de céus de inverno e de sorrir.
Detalhar uma doença crônica poderia entristecer você, então prefiro detalhar como se faz para sorrir quando o mundo parece desmoronar na sua cabeça e quebrar os seus ossinhos sem que ninguém perceba.
Todos os dias tiro a poeira dos sapatos e acredito que posso trilhar uma caminhada mais bonita, com alguma força extra, capaz de remover as pedras do caminho e conversando sempre honestamente com Deus.
Ele sempre faz menção de que está ouvindo as minhas súplicas e principalmente que honra minha gratidão.
Pais são a extensão de nossa alma. Creia.
Hoje acordei com um desejo enorme de passar para frente o meu desejo de permanecer de pé.
Todos nós temos barreiras, por vezes somos soterrados nelas, mas estamos vivos e isso já é legal pra caramba.
Poderíamos não estar.
A felicidade se dá por conta da luta, da coragem e da gigantesca vontade de sorrir.
Hoje estou sorrindo, com lágrimas nos olhos, eu permanecerei sorrindo, porque sorrir me deixa mais bonita que chorar.
Chorar lava, como a chuva que caí lá fora. Chorar limpa, mas sorrir faz o sol nascer.
A natureza de cada um de nós desabrocha, somos feitos de estações.
Deixa chover e limpar, mas deixa o sol voltar para aquecer a sua alma.
E apesar de qualquer espinho, deixa florir de novo, e de novo, e de novo.
Seja jardim.



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