sexta-feira, 17 de outubro de 2014

me acompanha Clarice

Minha alma está perdida dentro do meu corpo. Hoje é exatamente um daqueles dias, que me afasto do mundo, do contato, do ouvir, do falar.
E quando fico assim, me conecto ainda mais as obras de Clarice Lispector, minha guru literária, minha amiga em sentimentos urgentes, em assuntos que dilaceram o coração.
Não posso explicar o que sinto nesses dias, parece as vezes uma fobia de gente, uma vontade de passar o dia silenciosa, sem ouvir os meus berros interiores.
Quanta saudade eu tenho dela, como alguém que jamais conheci pessoalmente e morreu um ano antes de eu nascer, pode me fazer tanta falta, é que as vezes, tenho quase que uma certeza absoluta, que só ela entenderia os gemidos da minha alma.
Então eu recolho seus livros e me embalo em suas palavras, como se pudesse me encolher em seu colo, colo de mãe.
Hoje estou prá dentro, dentro e profundamente absorvida naquilo que se chama de universo particular.
Vontade de ver o mar, e contemplar o anoitecer vendo o vai e vem das ondas, sentindo o cheiro da maresia, buscando respostas de Deus.
Deus querido, Deus que fez Clarice prá me acompanhar nos meus dias de solidão clandestina, nos dias que não posso explicar o que sinto nem a mim mesma.
Esses dias passam, mas quando se instalam no meu coração, roubam a minha inquietação, e apenas me colocam numa posição de espera.

Me acompanha Clarice, me reestruturo em suas palavras.

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