Minha alma está perdida dentro do meu corpo. Hoje é
exatamente um daqueles dias, que me afasto do mundo, do contato, do ouvir, do
falar.
E quando fico assim, me conecto ainda mais as obras de
Clarice Lispector, minha guru literária, minha amiga em sentimentos urgentes,
em assuntos que dilaceram o coração.
Não posso explicar o que sinto nesses dias, parece as vezes
uma fobia de gente, uma vontade de passar o dia silenciosa, sem ouvir os meus
berros interiores.
Quanta saudade eu tenho dela, como alguém que jamais conheci
pessoalmente e morreu um ano antes de eu nascer, pode me fazer tanta falta, é
que as vezes, tenho quase que uma certeza absoluta, que só ela entenderia os
gemidos da minha alma.
Então eu recolho seus livros e me embalo em suas palavras,
como se pudesse me encolher em seu colo, colo de mãe.
Hoje estou prá dentro, dentro e profundamente absorvida
naquilo que se chama de universo particular.
Vontade de ver o mar, e contemplar o anoitecer vendo o vai e
vem das ondas, sentindo o cheiro da maresia, buscando respostas de Deus.
Deus querido, Deus que fez Clarice prá me acompanhar nos
meus dias de solidão clandestina, nos dias que não posso explicar o que sinto
nem a mim mesma.
Esses dias passam, mas quando se instalam no meu coração,
roubam a minha inquietação, e apenas me colocam numa posição de espera.
Me acompanha Clarice, me reestruturo em suas palavras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
diga aí o que achou...