segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Minha urgência de sentir

 Faz tempo que não escrevo e portanto um bom tempo que não me desnudo por inteiro.

Esse ano cheguei na casa dos 47 anos e confesso que as vezes ainda me sinto estranha, nessa roupa mais experiente.

Houve um tempo, no auge dos 30, mais precisamente, que eu consumi muitos livros e escrevi muitos textos, e depois por um longo tempo me perdi de mim, da minha essência, de quem sempre gostei de ser.

É importante voltar para nossa casa interna, recolher nossos pertences e recomeçar de novo.

O recomeço é uma espécie de faxina interior, um reaproveitamento de tudo aquilo que já foi aprendido até aqui, um passo que se tenta o equilíbrio, nessa fase tão complicada e inconstante da vida.

Uma mulher com quase 50 anos, já caminhou muitos passos, já derramou mares de lágrimas, já se perdeu e se encontrou diversas vezes.

E para todos os passos e descompassos é importante nutrir um tanto de coragem, para seguir firme e levantar todas as vezes que se cai.

Talvez não esteja tão próxima do que quero em mim, mas tenho certeza que estou bem mais próxima do que jamais estive, e isso me dá uma sensação boa de pertencimento.

Já sei quem sou e também sei quem não quero ser, de certa forma pra mim, isso já é liberdade.

Me empolgo diante das palavras que aqui escrevo, onde nelas se encontram meus sentimentos, esses que nascem de próprio punho.

Ser mulher vem de um local, onde com lágrimas nos olhos, encontro Deus.

Quero muito partir desse momento de preciosidade poética e revelar minhas verdades nem sempre tão reais, quero sentir que sou eu mesma aqui, falando com aqueles, que se encantam com partes minhas que estou descobrindo agora.

Estou nesse momento, novamente nesse insano momento, de escrever, chorar e sorrir e assim, poder encontrar uma segurança pertencente, que só pode brotar de dentro de mim.

A psicanálise me ensina que o amor é o intervalo entre o desejo e o encontro.





terça-feira, 17 de dezembro de 2024

As curvas do meu caminho


Houve um tempo em que eu me escondia. Não no sentido literal, mas dentro de roupas largas, de sorrisos contidos e de desculpas que sempre começavam com “não posso”. Eu acreditava que meu corpo, com suas curvas que não cabem em padrões, não era digno de ocupar certos espaços.

Era verão quando me chamaram para ir à praia. Olhei para o biquíni no fundo da gaveta e, junto com ele, senti o peso de todas as vezes em que ouvi comentários como “você tem um rosto tão bonito, pena que...” ou “essa roupa ficaria melhor em alguém mais magra”. Decidi não ir.

Mas naquela noite, algo em mim mudou. Deitada na cama, me perguntei: “Por que estou deixando o olhar dos outros roubar minha alegria?” A vergonha não era minha; ela me foi imposta. Fui condicionada a acreditar que o tamanho do meu corpo definia o tamanho do meu valor.

No dia seguinte, vesti aquele biquíni. Me olhei no espelho e, pela primeira vez, tentei enxergar meu corpo como ele realmente é: vivo, forte, cheio de histórias. As curvas que antes me envergonhavam agora pareciam traços únicos, um mapa da minha jornada.

Na praia, senti olhares. Alguns curiosos, outros críticos. Mas, no meio de tudo, percebi algo surpreendente: ninguém estava vivendo a minha vida além de mim. Ninguém sentia a brisa no rosto, a areia nos pés, ou a alegria de mergulhar no mar pela primeira vez em anos.

Ser uma mulher fora dos padrões é um ato de resistência. É caminhar com a cabeça erguida em um mundo que insiste em nos diminuir. É escolher roupas que amamos, não porque elas escondem, mas porque nos revelam. É ocupar espaços, tirar fotos, rir alto, dançar — viver.

Hoje, eu sei que meu corpo não precisa de permissão para existir. Ele já é inteiro, completo e belo, exatamente como é.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Jesus, para sempre!

 

Quanto tempo não passo por aqui, não escrevo para publicar, para expandir ideias.

Há dias estou sendo “incomodada” para publicar no blog, refletir, pensar em conjunto, mesmo que a leitura seja feita só por mim ou por mais alguém que já tenho lido e gostado de minhas epifanias por aqui.

Tenho vindo através do meu instagram com uma abordagem diferente, na verdade estou diferente, mas uma diferença que trouxe um sentido único para a minha vida, que para muitos pode parecer bobagem, um exagero, mas para mim a mudança está acontecendo como uma libertação de mim mesma.

Através de minhas próprias curiosidades e também de uma fé que era parecida com a de muitos, eu resolvi estudar a Cristo e a Sua Palavra.

Não foi através de uma igreja, ou de uma religião, mesmo considerando importante congregar, mas através da verdadeira existência que Deus tem tido na minha história e não mais através das minhas crenças infundadas e passadas de geração em geração, sem nenhum fundamento bíblico.

Como alguns sabem sou portadora da síndrome de fibromialgia e fadiga crônica há 10 árduos e dolorosos anos, doenças incapacitantes e provenientes de assuntos mal elaborados e nada resolvidos aqui dentro.

Então, resolvi que precisava ajudar de alguma forma aqueles que como eu sofrem de algum transtorno, físico, mental e também espiritual.

Voltei a estudar, estudar mesmo, estudar muito, mergulhar.

Há dois anos refletia sobre me tornar psicanalista e cá estou eu mergulhada no universo ateu e intenso de Freud.

O que me fez também, querer realmente estudar a Bíblia, em um contexto muito, mas muito maior do que citar alguns trechos dela isoladamente.

Cristo veio para ficar, me ensinando que sua “terapia” é a melhor de todas, como homem nos ensinou que é possível ouvir atentamente o outro, sem julgamentos e em troca ofertar amor em forma de escuta atenciosa.

Jesus é história, é fonte de aprendizado eterno. Ele é o começo e o fim e nunca havia me sentido tão amparada como me sinto agora, que me permiti ser acessada por Ele.

Eu acho tão lindo esse link que o Espírito Santo é na vida daquele que se propõe a amar intensidade Deus, que nunca mais quero me desconectar dessa proporção gigantesca de amor.

Estou intensamente imersa nessa comunhão e tudo na minha vida tem mudado, porque Jesus tem transformado o meu olhar diante do mundo.

Como já vi e senti tanta dor, eu quero ser usada pelo Espírito Santo no processo de cura de alguém.

Cura da alma, estamos todos tão doentes, em Provérbios 4: 23 diz assim: “Sobre tudo o que deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes de vida”.

Então queridos, o mundo está nos adoecendo de uma maneira tão grande, que muitos já exaltam o ódio, os corações não se aquebrantam mais e Jesus precisa de nossos corações aquebrantados para fazer a Sua Obra de transformação em nossas vidas.

Ele é tão educado, que bate na porta para entrar, experimente convidá-Lo para fazer parte da sua vida, é tão libertador.

Fácil segui-Lo? Não, nada fácil, estamos nadando contra a correnteza, também seremos criticados e caçoados por escolhê-Lo, mas creia, é edificador, uma vida com um propósito… não sei como encontrar plavaras.

Espero te encorajar a olhar a cruz de uma outra forma.

Deus é o paizinho que acolhe, que te enxerga, quando ninguém mais te vê.

Nunca mais estarei sozinha, mesmo que minha humanidade me faça vacilar, voltar pro começo, recomeçar a rota, agora eu sei, que Cristo Jesus me fez para ser feliz apesar de qualquer dor que meu corpo ou minha alma possam sentir.

Sou mais uma mulher a te seguir agora Senhor.


“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” Efésios 4:15

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A escutatória


 “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer…

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as ideias estranhas). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. Ouçamos os clamores dos famintos e dos despossuídos de humanidade que teimamos a não ver nem ouvir. É tempo de renovar, se mais não fosse, a nós mesmos e assim nos tornarmos seres humanos melhores, para o bem de cada um de nós.

É chegado o momento, não temos mais o que esperar. Ouçamos o humano que habita em cada um de nós e clama pela nossa humanidade, pela nossa solidariedade, que teima em nos falar e nos fazer ver o outro que dá sentido e é a razão do nosso existir, sem o qual não somos e jamais seremos humanos na expressão da palavra.


Texto de Rubem Alves

terça-feira, 30 de março de 2021

Oração



Estamos todos tão sós.

Será o fim da humanidade?

Ou o fim de uma nova era?

Talvez todos estejamos tão atolados e imersos no nosso egocentrismo que o preço a se pagar, seja exatamente o mais caro, nos isolarmos.

Um isolamento não opcional, uma fatídica prisão domiciliar.

Uma extinção em massa, uma extinção de pais, mães, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos, amigos, uma extinção de vidas.

Fazemos muito mal uns aos outros, somos a espécie mais falha na arte de amar.

Tenho pena de nós humanos.

Cada vez mais sozinhos e tristes.

Em completo náufrago.

Temos tanto de bonito para doar, mas escolhemos nossas piores facetas.

Precisamos tanto nos olhar, olhar por dentro e para dentro.

Temos que rasgar as máscaras da alma.

Respirar. Puxar o ar e soltar devagar e plenamente.

Temos que saltar desse ego sombrio que nos limita tanto.

Precisamos de vida, mas de vida em abundância.

Deus, por favor, nos perdoe por tudo que causamos ao planeta e nos dê apenas mais uma chance de amar.

Amém.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Sobre a tristeza

O que seria um sinônimo de tristeza pra você?
Tem tantos e inimagináveis significados, o primeiro deles, é nunca falar sobre isso, nunca admitir quanto se está triste.

Vivemos num grau de hipocrisia tão grande, que fica difícil admitir para os outros quando não se está feliz.
E estar infeliz, pode ser apenas um estado de espírito por um tempo determinado, ou indeterminado, esse estado pode durar toda uma vida.
Eu só quero falar sobre essa tristeza do dia a dia, que ainda temos o péssimo hábito de manter longe do alcance de todos e especialmente e principalmente de nós mesmos.
O que queremos provar para a humanidade, depois do uso um tanto abusivo dos sorrisos forçados para as fotos que postamos por aí?
O que de fato nos faz sentir alegria?
E porque nós seres tão ínfimos não admitimos que tem dias que é mesmo uma bosta acordar?
Temos vergonha de falar sobre nosso descontentando repentino, ou responder honestamente a mais vazia frase: "Oi, tudo bem?"
Porque mentimos tanto para nós mesmos as vezes?
Simplesmente admitir uma infelicidadezinha de vez em quando, pode parecer um tremendo absurdo para aqueles que dizem se importam com você. Não é?
No extinto blog Cutuca, que eu falo! Eu falava sobre tudo, inclusive sobre essa dor que a gente não admite nem pra gente mesmo.
Essa dor que acorda com a gente em alguns dias e leva o dia inteiro para se despedir.
E nem adianta você não admitir que ela acorda com você em alguns dos seus dias também, e eu sei, ela é dura, machuca, arregaça a alma.
Mas já que eu resolvi abordar sobre um sentimento considerado feio de sentir, vou te dizer outra coisa importante: essa merda passa!
Mas só passa, se você deixar ela escorrer pelos olhos como cachoeira, se você acreditar que um momento de tristeza, não pode ser tão duradouro à ponto de você sufocar a sua alma.
Você tem que ser maior que essa tristeza que está acordando com você e demorando pra passar, você tem que ser imenso no meio desse caos.
O mundo vai te apresentar uma quantidade exorbitante de motivos para essa tristeza não passar e se tornar do seu tamanho, mas meu caro, é preciso ser destemido para admitir que precisa avaliar o seu mundo, pedir ajudar se precisar e continuar a remar, você precisa continuar a remar.
Existe uma força cósmica que denomino Deus, e essa força sem precedentes na humanidade, é capaz de te olhar, quando ninguém mais faz isso. Pode crer!
Crer, é exatamente a palavra mais construtiva que tenho para te escrever nesse momento.
Pegue a sua crença no Deus absoluto e ande, corra, trote... mas faça isso, porque você merece estar aqui, lutando.
Em meio ao caos do seu universo particular, você é primordial para que tudo funcione corretamente nesse planeta.
Seu coração bate no mundo.
Falar sobre almas solitárias é bem delicado, cada um de nós sobrevive num abismo por muitas vezes.
Para começar, temos que aceitar que somos falhos e somos absolutamente carentes, e isso não é a admissão de fraqueza, isso é ser um tanto tão forte, que reconhece que precisa de pequenas porções de tudo aquilo que se transforma em amor dentro de nós.
Vá além. Oferte!
Oferte o seu amor, a sua gentileza, o seu olhar, preste atenção!
Não perca a sua essência porque o mundo está sendo perverso com você.
Deixe de aceitar coisas ruins que vão impregnando o seu espírito, não aceite mais fazer parte dessa maioria que machuca.
Vai dar tudo certo!
Persiga a sua fé e seja bom, isso pode parecer meio clichê, mas eu acredito mesmo nessa história de que podemos melhorar o mundo, quando somos efetivamente bons em nossas atitudes.
Não detenha mais o seu amor, a sua beleza, por favor, continue remando.
Deus está te ouvindo, atentamente.
Chore e seque suas lágrimas, porque realmente TUDO VAI DAR CERTO!
Acredite, as borboletas vão colorir tudo outra vez.



sábado, 26 de dezembro de 2020

Reflexões natalinas e esperança de um ano bom

Tudo tão sem sentido, o mundo num estado caótico e pandêmico, não consigo mais sentir as pessoas.
Estamos em lados opostos, me sinto na contramão de um caminho sem volta.
Eu me sinto tão só as vezes.
Sinto tão diferente, penso tão diferente.
Sinto que sou um confronto!
O Natal chegou e vi tanta gente estranha passar, eu vi gente usando a máscara da falsidade, eu vi gente pouca interessada no real sentido da data, eu vi gente sozinha na alma, zerada de Deus.
O mais do mesmo sendo jogado na nossa cara, multidões querendo presentear sem nem sentir carinho nisso, eu vi sorrisos e desejos prósperos sem amor e verdade.
Essa data faz os hipócritas gritarem os fantasmas de seus corações.
E mais um ano se foi, e nos trouxe um vírus que pode ser fatal. E nós o que aprendemos com isso?
Não senti muitas mudanças na alma humana.
Pessoas continuam matando uns aos outros, descaracterizando a natureza criada por Deus, vi animais sofrerem e florestas sendo dizimadas por capricho, em troca de dinheiro.
Vi um presidente da república de um país que um dia foi de direito dos tupiniquins, arrancar a máscara de seu caráter e mostrar que veio com um único propósito: destruir completamente o que restou de uma nação, ao longo dos intermináveis anos de corrupção.
Temos motivos para comemorar?
Creio que ainda não, mas agradeça se todos que ama estejam vivos.
Que o Natal tenha realmente o valor que merece e que 2021 venha trazendo um saco de esperança para cada um de nós, ainda temos muitas lutas para lutar.
Que a fé venha de base para nos sustentar em meio ao caos e que ao invés de falarmos sobre o amor, tenhamos mais atitudes coerentes em relação ao que o ato de amar significa.
Vamos tentar entender mais tudo e todos, ler mais livros, recitar poesias, abraçar árvores, molhar os pés no mar, vamos distribuir gentilezas, cuidar dos animais, sair do egocentrismo, enxergar o mundo.
Porque quando a chama de nossa vela apagar, teremos tido algum sentido na vida de alguém.
Feliz Natal e saudável Ano Novo.